A África do Sul foi
"descoberta" por Batolomeu Dias que, em 1488, aportou à Ilha Robben,
ao largo da atual Cidade do Cabo, na sua abortada viagem para a Índia. A ilha
foi, durante muitos anos, utilizada por navegadores portugueses, ingleses, e
holandeses como posto de reabastecimento. Nessa época, a região era habitada
por povos Khoison, Xhosa, Zulu, entre outros; em 1591 um grupo de Khoikhoi,
cansados das práticas comerciais desleais dos europeus, atacou a Ilha de Robben.
Como não tinham nada que superasse as armas de fogo dos europeus, foram
derrotados e deixados na illha sem comida, nem água. Estes foram os primeiros
prisioneiros da Ilha Robben.
Colonização Holandesa
Em 6 de Abril de 1652, Jan Van Riebeeck, da Companhia Holandesa das Índias Orientais, promoveu a colonização da região e fundou a Cidade do Cabo no extremo sul do continente, no sopé da Montanha da Mesa. Durante os séculos XVII e XVIII, a Colônia do Cabo viu chegar e instalaram-se calvinistas, principalmente dos Países Baixos, mas também da Alemanha, França, Escócia e doutros lugares da Europa. Estes calvinistas não conseguiram "disciplinar" os Khoisan para as suas atividades agrícolas e quase os exterminaram nas guerras da fronteira do Cabo, também conhecidas como Guerras dos Xhosa ou Guerras dos Cafres. Então, começaram a importar escravos da Indonésia, de Madagáscar e da Índia. Os descendentes destes escravos e dos colonos passaram a ser mais tarde conhecidos como "malaios do Cabo", chegando a constituir cerca de 50% da população da província do Cabo Ocidental.
Embora o sistema colonial fosse essencialmente um regime racista, foi nesta fase que se começaram a forjar as bases legais para o regime do apartheid. Por exemplo, na própria constituição da União, embora fosse considerada uma república unitária, com um único governo, apenas no Cabo os não-brancos que fossem proprietários tinham direito ao voto, porque os "estados-membros", que passavam a ser considerados províncias, mantinham alguma autonomia.
REFERÊNCIAS:
VIZENTINI, Paulo Fagundes; RIBEIRO, Luiz Dario Teixeira; PEREIRA, Analúcia Danilevicz. Breve história da África. Porto Alegre: Leitura XXI, 2007.
FERKINS, Victor C.. África: um continente à procura de seu destino. Rio de Janeiro: G.R.D., 1967.
Pintura representando a chegada de Jan Van Riebeeck; por Charles Bell. |
Colonização Britânica
Os ingleases ocuparam a Cidade do Cabo em 1795, durante a Guerra Anglo- Holandesa. Depois de breve período de domínio holandês entre 1803 e 1806, a cidade tornou-se capital da colônia britânica do Cabo.
Com a abolição da escravatura em 1835, levantou-se uma disputa sobra a compensação que o governo britânico devia dar aos colonos pela libertação dos escravos.
Muitos destes colonos de ascendência não inglesa começaram a explorar e colonizar o interior da África, num movimento que ficou conhecido como "The Great Trek" (a grande viagem), os que partiam nessas migrações passaram a ser conhecidos como " Voortrekkers"- os "Viajantes"-, e fundaram suas próprias repúblicas, o "Estado Livre de Orange" ("Orange Free State", atualmente uma das províncias da África do Sul) e o "Transvaal" (a "terra para além do Rio Vall") que, em 1857 se auto-proclamou República Sul-Africana. A incursão Voortrekker, para a zona costeira do Natal foi repelida pelos Zulus comandados por Dingane (irmão, herdeiroe, mais tarde, responsável pela morte de Shaka). O império Zulu foi mais tarde conquistado pelos britânicos na Guerra Anglo-Zulu.
As Guerras Boers
A descoberta de diamantes em 1867 e de ouro, em 1886 aumentou a riqueza dos colonos, que continuavam a imigrar para a África do Sul e intensificou a sujeição dos nativos. Os Boers (ou Bôeres) resistiram aos britânicos na Primeira Guerra dos Bôares (1880-81) e uma das razões foi o fato destes colonos usarem fardamento cáqui, que é a cor da terra, enquanto os britânicos usavam uniformes na cor vermelha, tornando-os alvos mais fáceis para os atiradores Boers.
A Segunda Guerra dos Bôeres teve a oposição do Partido Liberal no parlamento britânico, que a considerava, não só desnecessária, mas também um desperdício de fundos, mas as enormes reservas de ouro e diamante presentes nas Repúblicas Boers levaram os "Tories" a avançar com a guerra. A tentativa dos Boers de conseguirem apoio dos alemães do sudoeste africano deram aos britânicos mais uma razão para controlar as Repúblicas Boers. Os britânicos mudaram de tática, depois do fracasso do "Jameson Raid", lançado contra o Transvaal a partir da vizinha Rodésia por forças irregulares alinhadas com o rico comerciante de diamantes e Primeiro Ministro da Colônia do Cabo Cecil Rhodes. A Segunda Guerra Boer deu-se entre 1899-1902, quando as tropas britânicas já não usavam mais os seus uniformes vermelhos. Os Boers resistiram com táticas de guerrilha, usando o seu conhecimento superior da terra, mas os britânicos venceram-nos pela força do número e pela possibilidade de organizar mais facilmente os abastecimentos.
Os britânicos encarceraram grandes números civis Bôeres, junto com os seus trabalhadores negros, sem alimentação suficiente, nem cuidados médicos e queimaram as quintas colheitas, num esforço para estancar a guerrilha Boer, Os guerrilheiros voltaram-se então contras povoações dos nativos, antagonizando-os e forçando os Boers a lutar com eles, para além dos britânicos. Muitos afrikaners, chamados pejorativamente de "colaboracionistas" ou "derrotistas", pensavam que era a hora de entrar num acordo com os britânicos. Após seguirem com resistência por mais um ano, os "bittereinders" (os que preferiam o fim amargo) finalmente perceberam que a Nação Boer seria completamente destruída se eles persistissem e, assim, assinaram um tratado de paz com os britânicos em Pretória, a 31 de Maio de 1902, o Tratado de Vereeniging.
Dominação Britânica
O Tratado de Vereeniging especificava que o governo britânico era soberano das repúblicas Boers e assumia a dívida de guerra de três milhões de libras dos governos afrikaners. Os súditos holandeses ficavam com um estatuto legal especial, uma vez que o afrikaans ainda não era conhecido como língua distinta. Outra provisão do tratado era que os negros não teriam direito ao voto, exceto na Colônia do Cabo. A administração britânica ainda tentou a "anglicização" dos Boers através da educação obrigatória em inglês, mas o plano apenas resultou em ressentimento por parte dos Boers e foi abandonado quando os Liberais tomaram o poder na Grã-Bretanha, em 1906. Foi por volta desta altura que o afrikaans foi reconhecido como uma língua distinta do holandês, embora não a tenha substituído como língua oficial até 1926.
A União Sul-Africana e o Apartheid
Depois de quatro anos de negociações, a União Sul-Africana foi criada a 31 de Maio de 1910, incluindo a Colônia do Cabo, a Colônia de Natal, a Colônia do Rio Orange (a república do "Estado Livre de Orange" tinha sido assim renomeada quando da sua tomada pelos britânicos durante a Segunda Guerra Boer), e o Transvaal, exatamente 8 anos depois do fim da Segunda Guerra Boer, com o estatuto de Domínio do Império Britânico. Este foi o primeiro passo para a independência da África do Sul que, no entanto, só teve lugar 51 anos mais tarde.Embora o sistema colonial fosse essencialmente um regime racista, foi nesta fase que se começaram a forjar as bases legais para o regime do apartheid. Por exemplo, na própria constituição da União, embora fosse considerada uma república unitária, com um único governo, apenas no Cabo os não-brancos que fossem proprietários tinham direito ao voto, porque os "estados-membros", que passavam a ser considerados províncias, mantinham alguma autonomia.
REFERÊNCIAS:
VIZENTINI, Paulo Fagundes; RIBEIRO, Luiz Dario Teixeira; PEREIRA, Analúcia Danilevicz. Breve história da África. Porto Alegre: Leitura XXI, 2007.
FERKINS, Victor C.. África: um continente à procura de seu destino. Rio de Janeiro: G.R.D., 1967.
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